domingo, 29 de julho de 2007

Sair de Casa


Imagem cedida por Dione Veiga Vieira

Quando os filhos estão criados, não significa obrigatoriamente, que eles sairão de casa. Existem hoje os filhos cangurus, que dão os seus pulinhos depois voltam correndo para a quentinha bolsa da mamãe.


Precisamos como pais, dividir espaços domésticos com outros adultos, com opiniões diversas, hábitos diferentes, que transitam no mesmo corredor, sentam na mesma sala, dormem sob o mesmo teto.


E que além de serem adultos, querem ainda ser tratados como filhinhos. O lado bom disso, é que não atravessaremos a meia idade olhando para quartos vazios, ou passaremos o final de semana esperando um telefonema. No final de semana a população da casa poderá dobrar, os quartos estarão cheios e bagunçados e você não esperará telefonema algum, porque o telefone estará sempre ocupado.


Também não chegamos mais na meia-idade, continuamos trabalhando e ativos, estressados e preocupados, e pode até ser conveniente os filhos continuarem em casa, parece que o tempo não passa.


Mas sair de casa é um passo importante e obrigatório para o crescimento, se não existe a possibilidade real de sair, criamos subterfúgios para uma saída emocional, pelo menos, que possa manter o espaço necessário psíquico dos pais e dos filhos.


Se não saem pela porta, saem pela internet, pelos estudos, pelo trabalho. Afastam-se por saberem ser vital a saída.


A distância geográfica, cria a oportunidades de novas perspectivas, que podem valorizar as que eles levarão na bagagem. Não será sem um pouquinho de saudades, de escolhas que não dependerão de nosso olhar, talvez até de dificuldades.


Mas eles precisam sair, para crescer, para escolher, para tentar, mesmo que a casa dos pais seja um ninho acolhedor, divertido e cômodo.


Para que não sejam adultos dependentes. Sair, alçar voôs, descobrir sem os pais, possibilidades, amores, dores, amizades, formas diferentes de enfrentar antigos problemas. A saída de casa é crescimento emocional, social, político. É tomar conta de sí, é cuidar-se, é protagonizar a sua história. Para os pais é saber que aquela pessoa, que é uma parte de seu coração, que é muito de sí mesmo, que é amor e apreensão, está finalmente caminhando com suas próprias pernas, voando com suas asas,sem o apoio que foi dado até então. Acreditar que o voô será bem feito, será bom, é nossa parte à partir de agora. Às vezes queremos segurá-los, aguardando um momento, uma situação que julgamos ser mais adequada, um vento mais ameno, mas eles precisam enfrentar as condições que julgam conseguir.

Nenhum comentário: