quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Menino que parte


Parei um tempo de escrever aqui, aqui é mais difícil. Achei que seria mais fácil e engraçado falar dos filhos criados. Engano.

Às vezes é divertido, agradável ver os filhos crescerem, às vezes é uma dor enorme, mesmo que você crie uma distância segura e confortável para observar de longe.

Filho é um pedaço da gente, o pedaço mais precioso e importante, sem o qual não podemos viver.

Hoje vou escrever para dividir dor, dor que invadiu minha semana, acordou os piores medos que uma mãe pode ter.

Vou escrever sobre um menino que partiu, um menino que só conheci pelas fotos do Orkut, pelos depoimentos de minha filha e das centenas de amigos, conhecidos, colegas que deixaram uma homenagem no site de relacionamento.

Um menino que partiu cedo, deixou mãe, irmãs e namorada, deixou planos, estudos, trabalho, uma prancha que não vai mais pro mar.

Falar o quê nessa hora?

Meninos e meninas por favor não morram. Vocês não sabem a falta que fazem no mundo, em casa, na vida da gente. Depois que o menino partiu, choveu, choveu para lavar a alma dos amigos, da família. Para muitos foi o primeiro contato com a morte.

Aprenderam com o menino que a morte não avisa, espreita.

Lembraram que viver é breve, mas é cada dia.

Aprenderam da forma mais triste o valor dos bons momentos.

A felicidade é construída desses bons momentos, e o menino teve muitos bons momentos e viveu cada um deles. O menino foi feliz e cada um dos amigos partilhou um pedaço dessa felicidade. Agora cada um dos amigos vai viver modificado pela perda.


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