domingo, 27 de janeiro de 2008

vivenciando


Hoje, já conformada com o fato que os filhos crescem mesmo, não importa o quanto façamos para que eles permaneçam nossos bebês, resolvi tratar de algumas coisas que precisava fazer antes que eles crescessem o suficiente para deixa-los ir. Para amenizar o pânico que essa possibilidade me causa, pensei nas inúmeras coisas que comecei e não terminei, estudar por exemplo.


Tive muita sorte de ser de uma geração que o segundo grau era de grande valia profissional, meu diploma do curso de Magistério do Sévigné abriu muitas portas, trabalhei em ótimas escolas, fui morar sozinha com dezoito anos e sustentava-me com meu salário de professora. Isso foi na segunda metade do século passado.


Agora mais que nunca, preciso do curso superior, já tentei duas vezes na rede particular, uma quando era bem jovem e achava que quem não havia feito um curso pré- vestibular não devia tentar a UFRGS, não consegui terminar o curso de História na PUC, outra já bem mais velha entrei no IPA, vinte cinco anos depois de entrar na sala de aula de um curso universitário entrar em um lugar com colegas indígenas, com aulas de educação ambiental, história da arte, tive a certeza que Paulo Freire estava muito feliz onde estivesse. Mais uma vez não con$$egui terminar, não achava justo pedir uma bolsa de estudos que poderia ser dada para um aluno mais jovem.


Então se quero estudar, devo fazer como meus filhos, enfrentar o vestibular da UFRGS.


Logo no ano em que as vagas diminuiram em função de algo que considero uma justa reparação histórica, chegando na escola em que fiz as provas ví muitas filhas já criadas- a minha opção é pedagogia, um curso predominantemente feminino- quando ví a mais forte concorrente de cada candidata aparecer. A tensão, as expectativas, as idas ao banheiro que multiplicaram-se no dia da prova de redação, as discussões sobre as cotas. Os problemas nesses quatro dias são multiplicados na ansiedade de cada uma, tive vontade de dizer:


Gurias, esses quatro dias não são os mais importantes, os melhores ou os piores da vida de vocês, vocês não serão mais amadas, menos respeitadas, se passarem ou rodarem, se for por acesso universal, pelas cotas, por estudo, por confiança, por sorte. A vida dá tanta volta, concentrem mais energia na prova e menos nesses minutos que antecedem, relaxem.


Vivenciei, vesti a pele dos filhos criados enfrentando um problema super dobrado que é o vestibular. É mais fácil enfrentar isso sendo mãe, não tenho mais pai e mãe para cobrar, se passar será uma festa, se rodar, tenta outra vez ano que vem. Não vou negar, quando terminou foi um enorme alívio, entreguei a prova para o fiscal e fui chorar no banheiro.


Passsssssei!!!!!!!!!!!!!!


A matrícula é outra emoção, agora não tenho mais desculpa$, é aproveitar cada minuto que tenho para estudar.


É incrivel como vivenciar coisas que seriam do momento deles faz mudar nossa perspectiva sobre nossos filhos criados e seus problemas dobrados.




Um comentário:

Rute Rodrigues disse...

Puxa vida, vc mãe, prof, agora aluna, da universidade pública...oooooooohhhh!
Parabéns!!! bjs saudosos, Rute